terça-feira, 14 de julho de 2015

DISCIPLINA HERMENEUTICA

DICIPLINA: HERMENUTICA
01- INTRODUÇÃO
A Hermenêutica é a Ciência e arte da interpretação, trata-se de um conjunto de regras e técnicas para a compreensão de textos. O termo vem do Nome Hermes, que, segundo a mitologia Grega, era o mensageiro e intérprete dos deuses.  A Hermenêutica Bíblica cuida da reta compreensão e interpretação das Escrituras Sagradas, e permite determinar o sentido literal da Palavra de Deus. Tenha uma vida afinada com o Espírito Santo, pois Ele é o melhor interprete da Bíblia. A  Hermenêutica Cristã é vítima de um dos elementos principais da Reforma: o direito que cada um tem de ir direto à Bíblia e dali tirar sua própria conclusão, pesquisá-la e alimentar-se espiritualmente, o que daí decorre é uma espécie de desordem Hermenêutica, tantos quantos são os estudantes, tantas as atualizações bíblicas multiplicadas por cada um desses indivíduos. Não é à toa que, sendo a Bíblia o Livro principal para os Cristãos  do Mundo  inteiro,  é ao mesmo tempo, o ponto de convergência e desunião entre eles, não que essa desunião ocorra entre Pessoas de facções diferentes, se fosse apenas isso,  justificar-se-ia, de alguma forma, essas dessemelhanças, mas o fato é que elas ocorrem dentro de uma mesma comunidade. O próprio Pedro admitiu que há  textos difíceis de entender: "Os quais os indoutos e inconstantes torcem para sua própria perdição"2ª Pedro 03:15 e 16. A arma principal do Soldado Cristão é as Escritura, e se desconhece o seu valor ou ignora o seu legítimo uso, que Soldado será  esse? 2ª Timóteo 02:15. As circunstâncias variadas que concorreram na produção do maravilhoso livro exigem do expositor que o seu estudo seja meticuloso, cuidadoso e sempre científico, conforme os princípios hermenêuticos.
02- OBJETIVOS
O principal objetivo da Hermenêutica bíblica é o de descobrir a intenção original do autor bíblico. No caso dos textos da Bíblia o leitor, ao menos racionalmente, não tem acesso direto aos  textos originais da Bíblia,  por isso é necessário aplicar princípios da Hermenêutica.  Além do fator de separação Pessoal entre o leitor atual e o autor original, há outras barreiras para a compreensão. Os últimos e mais recentes Livros da Bíblia foram escritos há cerca de Dois Mil  Anos atrás. Além da distância de tempo, há diferenças de idioma, pois a Bíblia foi escrita originalmente em Hebraico, Aramaico e Grego. Há ainda diferenças culturais e de costumes que separam os leitores atuais dos textos originais da Bíblia. 
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Alguns exemplos são o sistema de  Sacerdotes  e  sacrifícios da Lei de Moisés no Antigo Testamento, e o uso do véu por Mulheres no Novo Testamento.
03- CONTEUDO
Uso da Hermenêutica, Necessidade da Hermenêutica, Inversão dos versículos, Distorção dos versículos, Isolamento dos versículos, Interpretação  livre, Os risco da interpretação equivocada, Pressuposto na interpretação da Bíblia, Pressuposto importante, Quantos significado  pode ter um  texto bíblico, Transcendência, A letra e o  Espírito, Obediência na aplicação dos textos bíblicos, Obediência na interpretação, Conclusão.
04- USO  DA HERMENEUTICA
A literatura Grega, para conciliar o mito e a Filosofia, os filósofos passaram a interpretar a Mitologia ao invés de fazerem uma leitura literal, o que seria incompatível com a Filosofia, os Advogados aplicam a Hermenêutica quando interpretam as Leis, assim também somos nós quando lemos a Bíblia aplicamos a Hermenêutica quando a interpretamos. A Hermenêutica é necessária devido aos bloqueios à interpretação natural, a distância histórica, cultural, idiomática e filosófica, nossa postura cultural funciona como uma lente quando lemos a Bíblia, isto pode causar muitas distorções de sentido, a  questão idiomática faz com que a relação entre conceitos e Palavras seja diferente de uma língua para outra, a questão filosófica trata da diferença entre a cosmovisão dos autores bíblicos e a do leitor atual. Cosmovisão  é a  visão do  Mundo, maneira de entender o universo e as relações entre seus elementos. A Hermenêutica é necessária para que os ensinamentos bíblicos possam serem aplicados na atualidade, para ser útil, o texto bíblico precisa ser lido, compreendido e aplicado. Um exemplo bíblico da necessidade e importância da  Hermenêutica está em Atos  08:26-35,  Filipe encontrou o eunuco etíope quando este lia o livro do Profeta Isaías. O evangelista lhe fez então uma pergunta que se aplica a todos os leitores da Bíblia: “Entendes o que lês”?  Em seguida, Filipe começou a explicar-lhe o sentido do texto, o papel de Filipe é comparável ao Ministério dos Pastores, Evangelistas e Mestres que, hoje, interpretam as Escrituras e levam o ensinamento ao Povo, esta é uma Missão de grande valor e da  maior responsabilidade, o eunuco, importante oficial do governo da Etiópia, nada compreendia sobre as Escrituras, da mesma forma, nos nossos dias muitos estão confusos ou totalmente ignorantes em relação ao conteúdo da Palavra de Deus e, principalmente, a respeito do seu significado, esta ignorância dá lugar aos seguintes erros.
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05- INVERSÃO DE VERSÍCULOS:
Muitas Pessoas mencionam ditados populares, ou até impopulares, e afirmam se tratar de versículos bíblicos. Por   exemplo:  Faça a tua parte que eu te ajudarei,  “Não cai uma folha de uma  árvore sem que seja da vontade de Deus; “Uma Alma vale mais que o Mundo  inteiro,  etc.  Algumas frases desse tipo podem até conter uma ideia  verdadeira, mas não estão escritas na  Bíblia.
06 - DISTORÇÃO  DE VERSÍCULOS:
Aprendemos muitos versículos por ouvi-los citados por outras Pessoas ou através da letra de alguma música.  Algumas vezes, os versículos sofrem ligeira alteração para se adequarem à melodia. Com isso, aprendemos um texto que não corresponde ao que a Bíblia diz, e isso pode conduzir a entendimentos incorretos.  Por exemplo, cita-se com frequência o seguinte texto como se fosse passagem Bíblica: “Buscai  primeiro o Reino de Deus e a sua Justiça e todas as outras coisas vos serão acrescentadas. Porém, o que Jesus disse foi: “Buscai  primeiro o reino de Deus e a sua Justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas.  A troca de “estas” por “todas as outras” muda totalmente o sentido do texto. Muitos estão esperando que Deus lhes dê riqueza material, empresas, casas de luxo, carros importados, etc. Ele pode dar, mas Jesus não prometeu isso. O que ele estava dizendo é que Deus daria a comida, a bebida, e as vestes. “Estas” coisas são aquelas mencionadas nos versículos anteriores a Mateus  06.33.
07- ISOLAMENTO  DE  VERSÍCULOS
A facilidade de se guardar um pequeno versículo transforma-se em risco na medida em que passamos a “compreendê-lo” fora do seu contexto original.  Sabemos muitos versículos sem, contudo, ter ideia a respeito do capítulo ou do Livro onde o mesmo se encontra inserido. Por exemplo: a maioria dos  Cristãos sabem  de cor o texto de Filipenses  04.13: “Tudo posso naquele que me fortalece. Normalmente, essa frase é usada como um tipo de afirmação do pensamento positivo, indicando que, com a ajuda de Deus, o  Cristão vai vencer sempre, estando sempre por cima, sendo bem sucedido, ou seja, nada pode dar errado em seu caminho.  O conhecimento do contexto, contudo, nos faz saber que essa frase foi escrita por Paulo quando este estava na prisão. Nos versículos anteriores, o Apóstolo afirma que estava capacitado a passar por situações boas ou ruins, ter abundância ou fome porque, disse ele, “tudo
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posso naquele que me fortalece. Isto não significa que todas as circunstâncias seriam positivas para Paulo, mas que, sendo positivas ou não, ele estava pronto para passar por elas e continuar firme em seu caminho com Deus.
08- INTERPRETAÇÃO  LIVRE
O desconhecimento das regras e princípios da Hermenêutica faz com que muitos se aventurem de modo perigoso no terreno                                                        
da  interpretação bíblica.  Assim, não compreendem de fato as Escrituras, mas inventam um sentido para o texto, de acordo com suas ideias e desejos.  A Hermenêutica nos permite uma interpretação parametrizada. Os princípios e regras procuram nos impedir de cair no precipício do erro Teológico. A ideia que muitas Pessoas têm sobre o conteúdo bíblico e seu significado pode ser ilustrada  por um amontoado de letras e números embaralhados, borrados e rabiscados. Os princípios da Hermenêutica permitirão um processo de organização desses elementos na medida do possível. Vamos colocar cada coisa em seu  lugar: Lei, Graça, Israel, Igreja, passado, presente, futuro, Velho Testamento, Novo Testamento, letra, espírito, etc. É verdade que nosso entendimento não ficará 100% claro e organizado. Isto se deve às limitações Humanas, incluindo limitações da  Hermenêutica, diante das grandezas espirituais, mas vamos obter um nível de organização bastante razoável, o que nos permitirá uma boa qualidade de interpretação bíblica e a possibilidade de evitarmos muitos erros absurdos.
09- OS RISCOS DAS INTERPRETAÇÕES EQUIVOCADAS
 A falsa compreensão das Escrituras Sagradas, pode parecer algo inofensivo, mas sua grande ameaça é a produção de heresias, que são falsas doutrinas baseadas no erro de interpretação. Assim, muitos Líderes exigem coisas absurdas e proíbem o que seria direito legítimo dos fiéis. Fazendo isso em nome de Deus, prejudicam gravemente aqueles que deveriam estar sendo conduzidos de modo sensato.  Quantos Líderes estão levando as Pessoas a ofertarem tudo no Altar, sob o argumento de que elas serão abençoadas com riqueza material? Quantos são proibidos de usarem roupas de determinada cor, proibidos de se casarem, proibidos de comerem este ou aquele alimento Iª Tm  04.01-03. É Verdade que as heresias não se limitam aos erros de interpretação bíblica, mas têm neles sua base principal.  Tais equívocos de compreensão bíblica produzem ideias erradas sobre Deus e expectativas infundadas em relação ao cristianismo, que vão gerar
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frustração,  revolta e apostasia. O pior efeito possível desse processo é a perdição eterna. As heresias são comparáveis a um alicerce de areia. Jesus disse que algumas Pessoas haveriam de ouvir a sua  Palavra, mas, por não obedecerem, seriam comparáveis ao Homem que edificou sua casa sobre a areia, Mt.7.26. Depois, por causa do vento, da chuva e dos rios, aquela casa caiu. Por quê  essas Pessoas não obedeceram a Palavra?  Podemos mencionar diversos motivos, mas, certamente, um deles é a falta de entendimento do verdadeiro sentido das Palavras do Senhor. É o caso daquela semente que caiu à beira do caminho e foi levada pelas aves Mt.13.19. Muitas das Religiões e denominações hoje existentes surgiram do falso  entendimento  das Escrituras   Sagradas,  embora outras tenham surgido do esforço de se corrigirem erros do passado. As heresias têm duas fontes possíveis: o Homem, Gálatas 05.19-20 e o Diabo, Gn. 03.01; Mt.4.6.  Precisamos compreender bem a Bíblia porque, de outro modo, correremos o risco de cair no engano de Satanás ou ele simplesmente procurará se aproveitar do nosso próprio engano.
10- VEJA ESSE EXEMPLO
Você vai ler agora uma História muito estranha, exibido pelo Fantástico  da Rede Globo. Ela envolve um Homem que se diz Pastor evangélico, a casa fica no bairro de Vila Nova de Colares, na Cidade de Serra Grande, em Vitória,  e virou o centro das atenções. É onde mora um pedreiro que também se diz Pastor. O pedreiro-Pastor é Justino de Oliveira, de 50 anos,  e foi na Bíblia que o Pastor viu que poderia ter outras Mulheres. E em  um dos seus Sermões ele disse: ‘Eu gostaria de ter alguém que mim  mostrasse biblicamente onde é  proibido um  Homem ter mais de uma  Mulher,  desafiou  o pedreiro-Pastor. Ele se referia ao texto bíblico de Oseías Três, o Pastor também é casado. E ele disse:  Como explicar  isso, se Deus  mandou  esse Profeta, um Homem como nós,  tomar uma Mulher e adulterar com ela! Então o repórter do fantástico perguntou ao equivocado  Pastor, se a Palavra  era adulterar ou adúltera, e pediu que ele lesse o texto e ele leu assim  “Aqui está dizendo ‘Vai outra vez, ama uma Mmulher, amada de seus amigos, e adúltera  com ela, como o Senhor ama os filhos de Israel. Moral da Historia  por não observar que a Palavra adúltera tem acento  o  pedreiro Pastor, levantou a parede da  Palavra empenada, deixando o povo evangélico  em uma  tremenda saia justa em rede Nacional. E o pior de tudo, foi que fundamentado nessa equivocada interpretação,  e por causa de uma revelação, segundo ele da parte de Deus, lhe  ordenando o adultério, o dito Pastor, que de Santo  não tinha nada, deu uma beliscadinha na  Mulher do vizinho.
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11- OS  RESSUPOSTOS  NA  INTERPRETAÇÃO  BÍBLICA
Quando vamos ao encontro das Sagradas Escrituras, levamos conosco uma série de pressupostos, ou seja, suposições prévias, preconceitos, expectativas e desejos. Já vamos  preparados  para encontrar algo que nem sempre está lá ou, se está, não se encontra em toda a parte nem na medida que  gostaríamos. Os pressupostos podem ser bons ou maus, importantes ou perigosos. Depende de quais são eles e de como conduzem nossa compreensão e aplicação das  Sagradas  Escrituras. Exemplificando de modo prático: um policial que vai ao encontro de um  suspeito pressupõe que o mesmo se encontra armado.  Tal pressuposto pode Salvar a Vida do policial, mas pode também levar à morte do suspeito. Depois do desfecho da situação, se constatará se o indivíduo possuía ou não uma arma. Será tarde demais para corrigir um erro cometido por causa de um pressuposto equivocado. Os pressupostos são muito variados,  por exemplo, se uma turma de amigos vai viajar, a expectativa de cada um pode ser bastante diferente dos demais, dependendo dos desejos e interesses particulares.  Quem supervaloriza um tema, em detrimento de outros, tende a ver aquilo por toda parte, por exemplo, algumas Pessoas têm preferência e grande interesse pela Escatologia. Terão, possivelmente, a tendência de fazer uma “leitura escatológica” de uma grande porção das Escrituras ou até da sua totalidade.  Isto pode produzir erros quando a ideia escatológica não existe, de fato, em determinado texto. Quem tem preferência pelas questões relacionadas à cura poderá se sentir propenso a relacionar  tudo com esse assunto. Outros temas que formam pressupostos atualmente são: prosperidade, batalha espiritual, demônios, Bênção e maldição, dízimos e ofertas, boas obras, etc.  Um exemplo digno de nota é o caso do escritor que afirmou que Jó  perdeu tudo porque não era dizimista.  Sua preferência pelo tema produziu uma conclusão infundada.  O mesmo autor afirma que o dono dos porcos que foram destruídos pelos demônios sofreu aquele prejuízo por não ser dizimista.  Há também quem use o versículo de 1ª Cor. 09.07, “Deus   ama quem  em dá com alegria,  para se referir aos dízimos. Outro versículo usado com esse propósito é Lc. 06.38. Contudo, ambos os versos não se referem aos dízimos, mas à ajuda ao próximo. Podemos extrair princípios que se aplicam a várias situações, mas não podemos afirmar que o escritor bíblico estivesse se referindo ao assunto que gostaríamos. A linha denominacional do leitor determina muitos  dos seus pressupostos, assim, o pentecostal pode ter a tendência de ver tudo sob o prisma do poder, dos Dons e do Espírito Santo,  o tradicional  já  não segue essa linha da raciocínio.  As ênfases  
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denominacionais  podem criar uma espécie de  filtro  ou lente  que poderá nos ajudar em determinadas passagens bíblicas e provocar interpretações erradas em outras. No sentido mais pejorativo, os pressupostos podem ser comparados a trilhos, fôrmas eu  viseiras. O que fazer? Precisamos identificar nossos pressupostos, preconceitos, expectativas, e julgar tudo isso sob a Luz dos princípios hermenêuticos que, por sua natureza didática e impessoal, podem nos conduzir a uma leitura bíblica mais consistente e fiel ao conteúdo textual.  A Religião do leitor ou sua linha teológica também produzirão muitos pressupostos. Nós, Cristãos, fazemos uma leitura Cristã do Antigo Testamento, embora Jesus não seja ali mencionado literalmente. Evidentemente, temos razões suficientes no Novo Testamento para fazermos tal leitura do Antigo. Os Judeus, em geral, por não aceitarem o Novo Testamento, também não admitem uma leitura Cristã do Antigo. Outro exemplo é o caso dos Teólogos da libertação. Julgando que a Salvação seja um processo de libertação social e econômica, esses estudiosos lêem a Bíblia com uma visão diferente daqueles que entendem a Salvação como um livramento, sobretudo espiritual e eterno.  Católicos, espíritas e protestantes fazem leituras bíblicas diferentes. A idéia que temos sobre Deus também interfere nessa leitura. Nossa cosmovisão, Teologia, Soteriologia, etc, acabam formando um  arcabouço teórico no qual procuramos encaixar o que lemos na Bíblia. Já nos aproximamos das Escrituras  Sagradas  com muitos preconceitos formados, quando deveríamos tomá-la desarmados. Por exemplo, o texto de João 03.03, sobre o novo nascimento, é entendido pelos espíritas como uma referência à reencarnação, parece que Nicodemos também teve um entendimento semelhante, mas foi imediatamente corrigido por Jesus, que lhe mostrou tratar-se de um nascimento espiritual. Alguém disse o seguinte: “O sapo acha que o Mundo é um brejo, Por outro lado, quem sempre viveu na  Terra seca pode duvidar que exista o Mar.  Nossas experiências e preferências podem criar muitos condicionamentos que levamos  a leitura bíblica,  precisamos abrir nossa mente, com cuidado,  precisamos admitir que existem na  Bíblia outros assuntos além daqueles que preferimos. Precisamos deixar que os autores bíblicos falem, ao invés de colocarmos em suas Palavras o significado que gostaríamos de encontrar nelas. Não quero dizer com isso que todos os pressupostos estejam errados, existem conceitos corretos e necessários que nos auxiliam na compreensão da Bíblia. Questões como inerência, inspiração, literalidade, veracidade e historicidade das Sagradas  Escrituras, existência de Deus, divindade de Cristo, Trindade, Igreja, compreensão dos conceitos de  Lei e Graça e suas relações, tudo isso, quando compreendido corretamente,
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será determinante para a interpretação bíblica.  O fato de termos ou não algum tipo de compromisso com Deus também influenciará nosso entendimento da Bíblia. Podemos vê-la como uma carta de Deus para nós, ou como um documento estranho que fala sobre as relações de povos antigos com um Deus que não conhecemos.
12- PRESSUPOSTOS  IMPORTANTES
Nessa “viagem” do conhecimento bíblico, algumas “bagagens” são necessárias, alguns pressupostos são importantes e necessários, enquanto que outros podem ser prejudiciais.  O  estudante da Bíblia precisa decidir sobre as questões apresentadas a seguir. É preciso um posicionamento que pode ser definitivo ou provisório. Muitas vezes o fator determinante para tal definição será a Fé. Este é o elemento que separará o Cristão de todos os estudantes intelectuais das Sagradas Escrituras, ainda que o verdadeiro  Crente também utilize suas  Faculdades  racionais para compreender a Palavra de Deus. Contudo, a razão será um instrumento de auxílio, e não um fator determinante para a aceitação da Bíblia.
13- QUANTOS  SIGNIFICADOS PODE TER UM TEXTO BÍBLICO
Quantos significados têm determinada passagem bíblica?  A dificuldade de interpretar é usada por algumas  Pessoas para inventarem significados para o texto.  Um texto tem, geralmente, um só significado.  Algumas passagens indicam mais de uma linha de interpretação, mas creio que estes casos são excepcionais. Por exemplo, o texto de Ezequiel 28 se refere ao  Rei de Tiro e, ao mesmo tempo, a Satanás.  O Salmo 22 fala da experiência do salmista e, ao mesmo tempo, fala sobre Jesus.  Isaías 49 fala do próprio autor, fala de Israel e do Messias, referindo-se a todos eles como “o servo do Senhor”.  Além disso,  escritor.  Já mencionamos o fato de que Daniel escreveu algumas coisas que ele mesmo não compreendeu.  Deus mandava os Profetas falarem e escreverem, mas isso não significa que eles tivessem plena consciência de toda a extensão do cumprimento de suas Palavras. O que é certo é que a Bíblia não tem particular interpretação, veja 1ª Pe. 01:20.
14-TRANSCENDÊNCIA
As Escrituras possuem um sentido que vai além da letra. Porém, devemos ter cuidado para não irmos longe demais por nossa própria conta. Cuidado com o desejo de encontrar “algo mais” em cada versículo bíblico. Sempre compare sua interpretação com a de outras Pessoas,
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principalmente os mais instruídos. Ouça e examine as críticas. Sua interpretação precisa estar coerente com a mensagem geral da Bíblia, não devemos nos desviar nem para a direita nem para a esquerda, conselho esse também  relatado no Livro de Apocalipse. A Bíblia  nos mostra entre outras coisas,  o caráter de Deus.
15- A  LETRA  E  O  ESPÍRITO
Paulo disse que “a letra mata, mas o espírito vivifica  2ª Cor.03.06.  Há quem use tal texto para negar o sentido literal das Escrituras. Este sentido não deve ser negado nem menosprezado, pois ele é a base do sentido espiritual. Por exemplo, se negarmos a existência real de Adão e Eva, cairá por Terra toda a doutrina bíblica do pecado e suas implicações espirituais. Por outro lado, não devemos usar a letra contra o Espírito. Isto acontece quando, por exemplo, usamos a letra como um limite para nossa ação a favor do próximo. Nesse caso, a letra mata. Alguém poderia dizer: “Já entreguei meu dízimo, portanto não preciso ajudar ao meu Irmão necessitado. Estaria assim, apegando-se ao sentido literal do dízimo e negando-se a cumprir o Amor para com o próximo. A letra abrange um sentido limitado. O Espírito vai além. Em Mateus 05, Jesus mostrou isso. “Ouviste o que foi dito aos antigos..” a letra.  Eu porém vos digo.. o espírito.  O  Novo Testamento veio mostrar o conteúdo Espiritual  que havia por trás da Lei e que era ignorado por grande parte do Povo de Israel. Ao repreender os Fariseus, Jesus chamou a atenção daqueles Líderes para a Justiça, a misericórdia e a Fé, que representavam o sentido espiritual da  Lei. Os Fariseus estavam apegados apenas à letra.
 16- A  OBEDIÊNCIA NA  APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS  BIBLICOS
Um texto bíblico terá um significado, às vezes dois ou mais as profecias poderão ter mais de um cumprimento, as promessas, da mesma forma. Além disso, podemos extrair princípios espirituais, lições, dos textos bíblicos que poderão ser aplicados em inúmeras situações. Tomemos, por exemplo, a bênção de Jacó sobre seus Filhos. A primeira preocupação do leitor é saber o significado do texto. As figuras ali utilizadas, poderão ser  melhor compreendidas se estudarmos no próprio Livro de Gênesis a História dos Filhos de Jacó. O verso 05 diz: “Simeão e Levi são Irmãos; as suas espadas são instrumentos de violência”.  Para saber o significado desse texto, é preciso ler o capítulo 34, onde está o relato da chacina realizada pelos dois Irmãos.  Em seguida, em Gn. 49, consta uma maldição contra eles e sua descendência.  Portanto, aquela profecia se cumpriria na História das tribos de Simeão e Levi.  Resolvidas
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as questões de significado e cumprimento, podemos pensar nos princípios que podemos extrair do texto.  Aprendemos sobre o risco da união para a prática do pecado, sobre a colheita daquilo que plantamos, sobre o poder que os pais têm para abençoar ou amaldiçoar seus Filhos, etc. Os princípios são conceitos ou “Leis” espirituais que podem ser aplicados em qualquer tempo e lugar, apesar das mudanças culturais.
17- OBJETIVO  FINAL  DA  INTERPRETAÇÃO
Mesmo que um texto não tenha vários sentidos, ele pode ser aplicado de várias formas, desde que não venha a induzir ao erro ou a um sentido contraditório ou a um ensinamento  anti-bíblico.  Aplicação é a utilização do texto na nossa realidade. Portanto, tomando o texto sobre Simeão e Levi, podemos relacioná-lo a diversas situações da nossa Vida, sem com isso alterar o significado do texto.  Extrairemos dali os princípios espirituais que o texto contém e os aplicaremos à nossa realidade. Os princípios nos mostram padrões da ação Humana, Divina ou até mesmo demoníaca. Os Homens de hoje têm a mesma natureza que Pedro ou outro personagem bíblico. Depois de entender a História de Pedro, podemos fazer analogias, comparações com situações atuais em que alguém possa ser tentado a negar a Cristo.  Assim, estaremos aplicando os princípios, as lições do texto, à nossa realidade. A interpretação bíblica que tem sido praticada no decorrer dos séculos pode ser dividida em dois tipos ou aspectos.  Refiro-me à objetividade e subjetividade da interpretação de Abraão, da humildade e obediência de Isaque e do caráter  provedor de Deus.  Estes são elementos presentes no texto.  Uma análise subjetiva seria vermos em Abraão a figura de Deus Pai, em Isaque um tipo de Cristo e naquela cena sacrifical um protótipo da crucificação.  Isto é subjetivo porque não se trata de afirmação bíblica, mas apenas uma alegorização por parte do intérprete. Tal entendimento pode estar correto, mas não pode ser comprovado como algo que pudesse estar presente na intenção do autor bíblico.  Não podemos apresentar tal alegoria como sendo o  significado do texto, mas podemos utilizá-la deixando claro para os nossos ouvintes que se trata de uma analogia, uma comparação, entre duas realidades bíblicas distintas e independentes.
18- CONCLUSAO
Os Cristãos devem estar comprometidos no conhecer e obedecer à Palavra de Deus. É essencial, então, que saibamos como interpretar a Bíblia corretamente, e evitar aqueles erros que poderiam nos conduzir a conclusões incorretas. O que se segue são alguns princípios que te
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ajudarão a interpretar a Bíblia no que ela realmente diz e alguns exemplos do que tem ocorrido quando esses princípios são violados. Reafirmo que, muitos destes princípios são seriamente ignorados principalmente por nossos pregadores. Espiritualizar ou alegorizar, é ir além do plano semântico da passagem em busca de um significado mais profundo ou oculto. O perigo com esse método é que não há como se checar uma interpretação extravagante. O único padrão torna-se a mente do intérprete. Prende-se ao pretenso sentido do texto. Demonstrar sem contexto é amarrar uma série não apropriada ou inadequada de versículos bíblicos para provar nossa Teologia. “Pôr em outra forma  é sedutor, mas errôneo para se compor um fragmento Teológico de um completo estudo indutivo das Escrituras. É errado, tendo feito isso, começar procurando textos bíblicos que parecem sustentar nossas conclusões, todas sem a cuidadosa interpretação do texto para o que nós apelamos” Por isso não devemos ser sábios aos nossos próprios Olhos, estriparmos em nossos próprios entendimentos, a cultura o os acontecimentos do tempo do texto relatado, nos ajuda muito, mais acima de tudo, o Espírito santo é o nosso melhor intérprete, Ele é o nosso  ajudador
Nada espero do muito que eu não tenho
Professor  Edmilson Carvalho

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