DICIPLINA:
HERMENUTICA
01-
INTRODUÇÃO
A
Hermenêutica é a Ciência e arte da interpretação, trata-se de um conjunto de
regras e técnicas para a compreensão de textos. O termo vem do Nome Hermes,
que, segundo a mitologia Grega, era o mensageiro e intérprete dos deuses. A Hermenêutica Bíblica cuida da reta
compreensão e interpretação das Escrituras Sagradas, e permite determinar o
sentido literal da Palavra de Deus. Tenha uma vida afinada com o Espírito
Santo, pois Ele é o melhor interprete da Bíblia. A Hermenêutica Cristã é vítima de um dos
elementos principais da Reforma: o direito que cada um tem de ir direto à
Bíblia e dali tirar sua própria conclusão, pesquisá-la e alimentar-se
espiritualmente, o que daí decorre é uma espécie de desordem Hermenêutica,
tantos quantos são os estudantes, tantas as atualizações bíblicas multiplicadas
por cada um desses indivíduos. Não é à toa que, sendo a Bíblia o Livro
principal para os Cristãos do Mundo inteiro,
é ao mesmo tempo, o ponto de convergência e desunião entre eles, não que
essa desunião ocorra entre Pessoas de facções diferentes, se fosse apenas
isso, justificar-se-ia, de alguma forma,
essas dessemelhanças, mas o fato é que elas ocorrem dentro de uma mesma
comunidade. O próprio Pedro admitiu que há
textos difíceis de entender: "Os quais os indoutos e inconstantes
torcem para sua própria perdição"2ª Pedro 03:15 e 16. A arma principal do Soldado
Cristão é as Escritura, e se desconhece o seu valor ou ignora o seu legítimo
uso, que Soldado será esse? 2ª Timóteo
02:15. As circunstâncias variadas que concorreram na produção do maravilhoso
livro exigem do expositor que o seu estudo seja meticuloso, cuidadoso e sempre
científico, conforme os princípios hermenêuticos.
02-
OBJETIVOS
O
principal objetivo da Hermenêutica bíblica é o de descobrir a intenção original
do autor bíblico. No caso dos textos da Bíblia o leitor, ao menos
racionalmente, não tem acesso direto aos
textos originais da Bíblia, por
isso é necessário aplicar princípios da Hermenêutica. Além do fator de separação Pessoal entre o
leitor atual e o autor original, há outras barreiras para a compreensão. Os
últimos e mais recentes Livros da Bíblia foram escritos há cerca de Dois Mil Anos atrás. Além da distância de tempo, há
diferenças de idioma, pois a Bíblia foi escrita originalmente em Hebraico, Aramaico
e Grego. Há ainda diferenças culturais e de costumes que separam os leitores
atuais dos textos originais da Bíblia.
01
Alguns
exemplos são o sistema de
Sacerdotes e sacrifícios da Lei de Moisés no Antigo
Testamento, e o uso do véu por Mulheres no Novo Testamento.
03-
CONTEUDO
Uso
da Hermenêutica, Necessidade da Hermenêutica, Inversão dos versículos,
Distorção dos versículos, Isolamento dos versículos, Interpretação livre, Os risco da interpretação equivocada,
Pressuposto na interpretação da Bíblia, Pressuposto importante, Quantos
significado pode ter um texto bíblico, Transcendência, A letra e
o Espírito, Obediência na aplicação dos
textos bíblicos, Obediência na interpretação, Conclusão.
04-
USO DA HERMENEUTICA
A
literatura Grega, para conciliar o mito e a Filosofia, os filósofos passaram a
interpretar a Mitologia ao invés de fazerem uma leitura literal, o que seria
incompatível com a Filosofia, os Advogados aplicam a Hermenêutica quando
interpretam as Leis, assim também somos nós quando lemos a Bíblia aplicamos a
Hermenêutica quando a interpretamos. A Hermenêutica é necessária devido aos
bloqueios à interpretação natural, a distância histórica, cultural, idiomática
e filosófica, nossa postura cultural funciona como uma lente quando lemos a
Bíblia, isto pode causar muitas distorções de sentido, a questão idiomática faz com que a relação
entre conceitos e Palavras seja diferente de uma língua para outra, a questão
filosófica trata da diferença entre a cosmovisão dos autores bíblicos e a do
leitor atual. Cosmovisão é a visão do
Mundo, maneira de entender o universo e as relações entre seus
elementos. A Hermenêutica é necessária para que os ensinamentos bíblicos possam
serem aplicados na atualidade, para ser útil, o texto bíblico precisa ser lido,
compreendido e aplicado. Um exemplo bíblico da necessidade e importância
da Hermenêutica está em Atos 08:26-35,
Filipe encontrou o eunuco etíope quando este lia o livro do Profeta
Isaías. O evangelista lhe fez então uma pergunta que se aplica a todos os
leitores da Bíblia: “Entendes o que lês”?
Em seguida, Filipe começou a explicar-lhe o sentido do texto, o papel de
Filipe é comparável ao Ministério dos Pastores, Evangelistas e Mestres que,
hoje, interpretam as Escrituras e levam o ensinamento ao Povo, esta é uma Missão
de grande valor e da maior
responsabilidade, o eunuco, importante oficial do governo da Etiópia, nada
compreendia sobre as Escrituras, da mesma forma, nos nossos dias muitos estão
confusos ou totalmente ignorantes em relação ao conteúdo da Palavra de Deus e,
principalmente, a respeito do seu significado, esta ignorância dá lugar aos
seguintes erros.
02
05-
INVERSÃO DE VERSÍCULOS:
Muitas
Pessoas mencionam ditados populares, ou até impopulares, e afirmam se tratar de
versículos bíblicos. Por exemplo: Faça a tua parte que eu te ajudarei, “Não cai uma folha de uma árvore sem que seja da vontade de Deus; “Uma Alma
vale mais que o Mundo inteiro, etc.
Algumas frases desse tipo podem até conter uma ideia verdadeira, mas não estão escritas na Bíblia.
06
- DISTORÇÃO DE VERSÍCULOS:
Aprendemos
muitos versículos por ouvi-los citados por outras Pessoas ou através da letra
de alguma música. Algumas vezes, os
versículos sofrem ligeira alteração para se adequarem à melodia. Com isso,
aprendemos um texto que não corresponde ao que a Bíblia diz, e isso pode
conduzir a entendimentos incorretos. Por
exemplo, cita-se com frequência o seguinte texto como se fosse passagem
Bíblica: “Buscai primeiro o Reino de
Deus e a sua Justiça e todas as outras coisas vos serão acrescentadas. Porém, o
que Jesus disse foi: “Buscai primeiro o
reino de Deus e a sua Justiça e todas estas coisas vos serão
acrescentadas. A troca de “estas” por
“todas as outras” muda totalmente o sentido do texto. Muitos estão esperando
que Deus lhes dê riqueza material, empresas, casas de luxo, carros importados,
etc. Ele pode dar, mas Jesus não prometeu isso. O que ele estava dizendo é que
Deus daria a comida, a bebida, e as vestes. “Estas” coisas são aquelas mencionadas
nos versículos anteriores a Mateus
06.33.
07-
ISOLAMENTO DE VERSÍCULOS
A
facilidade de se guardar um pequeno versículo transforma-se em risco na medida
em que passamos a “compreendê-lo” fora do seu contexto original. Sabemos muitos versículos sem, contudo, ter ideia
a respeito do capítulo ou do Livro onde o mesmo se encontra inserido. Por
exemplo: a maioria dos Cristãos
sabem de cor o texto de Filipenses 04.13: “Tudo posso naquele que me fortalece.
Normalmente, essa frase é usada como um tipo de afirmação do pensamento
positivo, indicando que, com a ajuda de Deus, o
Cristão vai vencer sempre, estando sempre por cima, sendo bem sucedido,
ou seja, nada pode dar errado em seu caminho.
O conhecimento do contexto, contudo, nos faz saber que essa frase foi
escrita por Paulo quando este estava na prisão. Nos versículos anteriores, o
Apóstolo afirma que estava capacitado a passar por situações boas ou ruins, ter
abundância ou fome porque, disse ele, “tudo
03
posso
naquele que me fortalece. Isto não significa que todas as circunstâncias seriam
positivas para Paulo, mas que, sendo positivas ou não, ele estava pronto para
passar por elas e continuar firme em seu caminho com Deus.
08-
INTERPRETAÇÃO LIVRE
O
desconhecimento das regras e princípios da Hermenêutica faz com que muitos se
aventurem de modo perigoso no terreno
da
interpretação bíblica. Assim, não compreendem de fato as Escrituras,
mas inventam um sentido para o texto, de acordo com suas ideias e desejos. A Hermenêutica nos permite uma interpretação
parametrizada. Os princípios e regras procuram nos impedir de cair no
precipício do erro Teológico. A ideia que muitas Pessoas têm sobre o conteúdo
bíblico e seu significado pode ser ilustrada
por um amontoado de letras e números embaralhados, borrados e
rabiscados. Os princípios da Hermenêutica permitirão um processo de organização
desses elementos na medida do possível. Vamos colocar cada coisa em seu lugar: Lei, Graça, Israel, Igreja, passado,
presente, futuro, Velho Testamento, Novo Testamento, letra, espírito, etc. É
verdade que nosso entendimento não ficará 100% claro e organizado. Isto se deve
às limitações Humanas, incluindo limitações da
Hermenêutica, diante das grandezas espirituais, mas vamos obter um nível
de organização bastante razoável, o que nos permitirá uma boa qualidade de
interpretação bíblica e a possibilidade de evitarmos muitos erros absurdos.
09-
OS RISCOS DAS INTERPRETAÇÕES EQUIVOCADAS
A falsa compreensão das Escrituras Sagradas,
pode parecer algo inofensivo, mas sua grande ameaça é a produção de heresias,
que são falsas doutrinas baseadas no erro de interpretação. Assim, muitos Líderes
exigem coisas absurdas e proíbem o que seria direito legítimo dos fiéis.
Fazendo isso em nome de Deus, prejudicam gravemente aqueles que deveriam estar
sendo conduzidos de modo sensato.
Quantos Líderes estão levando as Pessoas a ofertarem tudo no Altar, sob
o argumento de que elas serão abençoadas com riqueza material? Quantos são
proibidos de usarem roupas de determinada cor, proibidos de se casarem,
proibidos de comerem este ou aquele alimento Iª Tm 04.01-03. É Verdade que as heresias não se
limitam aos erros de interpretação bíblica, mas têm neles sua base
principal. Tais equívocos de compreensão
bíblica produzem ideias erradas sobre Deus e expectativas infundadas em relação
ao cristianismo, que vão gerar
04
frustração, revolta e apostasia. O pior efeito possível
desse processo é a perdição eterna. As heresias são comparáveis a um alicerce
de areia. Jesus disse que algumas Pessoas haveriam de ouvir a sua Palavra, mas, por não obedecerem, seriam comparáveis
ao Homem que edificou sua casa sobre a areia, Mt.7.26. Depois, por causa do
vento, da chuva e dos rios, aquela casa caiu. Por quê essas Pessoas não obedeceram a Palavra? Podemos mencionar diversos motivos, mas,
certamente, um deles é a falta de entendimento do verdadeiro sentido das
Palavras do Senhor. É o caso daquela semente que caiu à beira do caminho e foi
levada pelas aves Mt.13.19. Muitas das Religiões e denominações hoje existentes
surgiram do falso entendimento das Escrituras Sagradas,
embora outras tenham surgido do esforço de se corrigirem erros do
passado. As heresias têm duas fontes possíveis: o Homem, Gálatas 05.19-20 e o Diabo,
Gn. 03.01; Mt.4.6. Precisamos
compreender bem a Bíblia porque, de outro modo, correremos o risco de cair no
engano de Satanás ou ele simplesmente procurará se aproveitar do nosso próprio
engano.
10-
VEJA ESSE EXEMPLO
Você
vai ler agora uma História muito estranha, exibido pelo Fantástico da Rede Globo. Ela envolve um Homem que se
diz Pastor evangélico, a casa fica no bairro de Vila Nova de Colares, na Cidade
de Serra Grande, em Vitória, e virou o
centro das atenções. É onde mora um pedreiro que também se diz Pastor. O
pedreiro-Pastor é Justino de Oliveira, de 50 anos, e foi na Bíblia que o Pastor viu que poderia
ter outras Mulheres. E em um dos seus Sermões
ele disse: ‘Eu gostaria de ter alguém que mim
mostrasse biblicamente onde é
proibido um Homem ter mais de
uma Mulher, desafiou
o pedreiro-Pastor. Ele se referia ao texto bíblico de Oseías Três, o
Pastor também é casado. E ele disse:
Como explicar isso, se Deus mandou
esse Profeta, um Homem como nós,
tomar uma Mulher e adulterar com ela! Então o repórter do fantástico
perguntou ao equivocado Pastor, se a
Palavra era adulterar ou adúltera, e
pediu que ele lesse o texto e ele leu assim “Aqui está dizendo ‘Vai outra vez, ama uma Mmulher,
amada de seus amigos, e adúltera com
ela, como o Senhor ama os filhos de Israel. Moral da Historia por não observar que a Palavra adúltera tem
acento o
pedreiro Pastor, levantou a parede da
Palavra empenada, deixando o povo evangélico em uma
tremenda saia justa em rede Nacional. E o pior de tudo, foi que
fundamentado nessa equivocada interpretação,
e por causa de uma revelação, segundo ele da parte de Deus, lhe ordenando o adultério, o dito Pastor, que de
Santo não tinha nada, deu uma
beliscadinha na Mulher do vizinho.
05
11-
OS RESSUPOSTOS NA INTERPRETAÇÃO
BÍBLICA
Quando
vamos ao encontro das Sagradas Escrituras, levamos conosco uma série de
pressupostos, ou seja, suposições prévias, preconceitos, expectativas e
desejos. Já vamos preparados para encontrar algo que nem sempre está lá
ou, se está, não se encontra em toda a parte nem na medida que gostaríamos. Os pressupostos podem ser bons
ou maus, importantes ou perigosos. Depende de quais são eles e de como conduzem
nossa compreensão e aplicação das
Sagradas Escrituras. Exemplificando
de modo prático: um policial que vai ao encontro de um suspeito pressupõe que o mesmo se encontra
armado. Tal pressuposto pode Salvar a Vida
do policial, mas pode também levar à morte do suspeito. Depois do desfecho da
situação, se constatará se o indivíduo possuía ou não uma arma. Será tarde
demais para corrigir um erro cometido por causa de um pressuposto equivocado.
Os pressupostos são muito variados, por
exemplo, se uma turma de amigos vai viajar, a expectativa de cada um pode ser
bastante diferente dos demais, dependendo dos desejos e interesses
particulares. Quem supervaloriza um
tema, em detrimento de outros, tende a ver aquilo por toda parte, por exemplo,
algumas Pessoas têm preferência e grande interesse pela Escatologia. Terão,
possivelmente, a tendência de fazer uma “leitura escatológica” de uma grande
porção das Escrituras ou até da sua totalidade.
Isto pode produzir erros quando a ideia escatológica não existe, de
fato, em determinado texto. Quem tem preferência pelas questões relacionadas à
cura poderá se sentir propenso a relacionar
tudo com esse assunto. Outros temas que formam pressupostos atualmente
são: prosperidade, batalha espiritual, demônios, Bênção e maldição, dízimos e
ofertas, boas obras, etc. Um exemplo
digno de nota é o caso do escritor que afirmou que Jó perdeu tudo porque não era dizimista. Sua preferência pelo tema produziu uma
conclusão infundada. O mesmo autor
afirma que o dono dos porcos que foram destruídos pelos demônios sofreu aquele
prejuízo por não ser dizimista. Há
também quem use o versículo de 1ª Cor. 09.07, “Deus ama quem
em dá com alegria, para se
referir aos dízimos. Outro versículo usado com esse propósito é Lc. 06.38.
Contudo, ambos os versos não se referem aos dízimos, mas à ajuda ao próximo.
Podemos extrair princípios que se aplicam a várias situações, mas não podemos
afirmar que o escritor bíblico estivesse se referindo ao assunto que
gostaríamos. A linha denominacional do leitor determina muitos dos seus pressupostos, assim, o pentecostal
pode ter a tendência de ver tudo sob o prisma do poder, dos Dons e do Espírito
Santo, o tradicional já não
segue essa linha da raciocínio. As
ênfases
06
denominacionais podem criar uma espécie de filtro
ou lente que poderá nos ajudar em
determinadas passagens bíblicas e provocar interpretações erradas em outras. No
sentido mais pejorativo, os pressupostos podem ser comparados a trilhos, fôrmas
eu viseiras. O que fazer? Precisamos
identificar nossos pressupostos, preconceitos, expectativas, e julgar tudo isso
sob a Luz dos princípios hermenêuticos que, por sua natureza didática e
impessoal, podem nos conduzir a uma leitura bíblica mais consistente e fiel ao
conteúdo textual. A Religião do leitor
ou sua linha teológica também produzirão muitos pressupostos. Nós, Cristãos,
fazemos uma leitura Cristã do Antigo Testamento, embora Jesus não seja ali
mencionado literalmente. Evidentemente, temos razões suficientes no Novo
Testamento para fazermos tal leitura do Antigo. Os Judeus, em geral, por não
aceitarem o Novo Testamento, também não admitem uma leitura Cristã do Antigo.
Outro exemplo é o caso dos Teólogos da libertação. Julgando que a Salvação seja
um processo de libertação social e econômica, esses estudiosos lêem a Bíblia
com uma visão diferente daqueles que entendem a Salvação como um livramento,
sobretudo espiritual e eterno.
Católicos, espíritas e protestantes fazem leituras bíblicas diferentes.
A idéia que temos sobre Deus também interfere nessa leitura. Nossa cosmovisão,
Teologia, Soteriologia, etc, acabam formando um
arcabouço teórico no qual procuramos encaixar o que lemos na Bíblia. Já
nos aproximamos das Escrituras
Sagradas com muitos preconceitos
formados, quando deveríamos tomá-la desarmados. Por exemplo, o texto de João
03.03, sobre o novo nascimento, é entendido pelos espíritas como uma referência
à reencarnação, parece que Nicodemos também teve um entendimento semelhante,
mas foi imediatamente corrigido por Jesus, que lhe mostrou tratar-se de um
nascimento espiritual. Alguém disse o seguinte: “O sapo acha que o Mundo é um
brejo, Por outro lado, quem sempre viveu na
Terra seca pode duvidar que exista o Mar. Nossas experiências e preferências podem
criar muitos condicionamentos que levamos
a leitura bíblica, precisamos
abrir nossa mente, com cuidado,
precisamos admitir que existem na
Bíblia outros assuntos além daqueles que preferimos. Precisamos deixar
que os autores bíblicos falem, ao invés de colocarmos em suas Palavras o
significado que gostaríamos de encontrar nelas. Não quero dizer com isso que
todos os pressupostos estejam errados, existem conceitos corretos e necessários
que nos auxiliam na compreensão da Bíblia. Questões como inerência, inspiração,
literalidade, veracidade e historicidade das Sagradas Escrituras, existência de Deus, divindade de
Cristo, Trindade, Igreja, compreensão dos conceitos de Lei e Graça e suas relações, tudo isso,
quando compreendido corretamente,
07
será
determinante para a interpretação bíblica.
O fato de termos ou não algum tipo de compromisso com Deus também
influenciará nosso entendimento da Bíblia. Podemos vê-la como uma carta de Deus
para nós, ou como um documento estranho que fala sobre as relações de povos
antigos com um Deus que não conhecemos.
12-
PRESSUPOSTOS IMPORTANTES
Nessa
“viagem” do conhecimento bíblico, algumas “bagagens” são necessárias, alguns
pressupostos são importantes e necessários, enquanto que outros podem ser
prejudiciais. O estudante da Bíblia precisa decidir sobre as
questões apresentadas a seguir. É preciso um posicionamento que pode ser
definitivo ou provisório. Muitas vezes o fator determinante para tal definição
será a Fé. Este é o elemento que separará o Cristão de todos os estudantes
intelectuais das Sagradas Escrituras, ainda que o verdadeiro Crente também utilize suas Faculdades
racionais para compreender a Palavra de Deus. Contudo, a razão será um
instrumento de auxílio, e não um fator determinante para a aceitação da Bíblia.
13-
QUANTOS SIGNIFICADOS PODE TER UM TEXTO
BÍBLICO
Quantos
significados têm determinada passagem bíblica?
A dificuldade de interpretar é usada por algumas Pessoas para inventarem significados para o
texto. Um texto tem, geralmente, um só significado. Algumas passagens indicam mais de uma linha
de interpretação, mas creio que estes casos são excepcionais. Por exemplo, o
texto de Ezequiel 28 se refere ao Rei de
Tiro e, ao mesmo tempo, a Satanás. O
Salmo 22 fala da experiência do salmista e, ao mesmo tempo, fala sobre
Jesus. Isaías 49 fala do próprio autor,
fala de Israel e do Messias, referindo-se a todos eles como “o servo do
Senhor”. Além disso, escritor.
Já mencionamos o fato de que Daniel escreveu algumas coisas que ele
mesmo não compreendeu. Deus mandava os
Profetas falarem e escreverem, mas isso não significa que eles tivessem plena
consciência de toda a extensão do cumprimento de suas Palavras. O que é certo é
que a Bíblia não tem particular interpretação, veja 1ª Pe. 01:20.
14-TRANSCENDÊNCIA
As
Escrituras possuem um sentido que vai além da letra. Porém, devemos ter cuidado
para não irmos longe demais por nossa própria conta. Cuidado com o desejo de
encontrar “algo mais” em cada versículo bíblico. Sempre compare sua
interpretação com a de outras Pessoas,
08
principalmente
os mais instruídos. Ouça e examine as críticas. Sua interpretação precisa estar
coerente com a mensagem geral da Bíblia, não devemos nos desviar nem para a
direita nem para a esquerda, conselho esse também relatado no Livro de Apocalipse. A
Bíblia nos mostra entre outras
coisas, o caráter de Deus.
15-
A LETRA E O ESPÍRITO
Paulo
disse que “a letra mata, mas o espírito vivifica 2ª Cor.03.06.
Há quem use tal texto para negar o sentido literal das Escrituras. Este
sentido não deve ser negado nem menosprezado, pois ele é a base do sentido
espiritual. Por exemplo, se negarmos a existência real de Adão e Eva, cairá por
Terra toda a doutrina bíblica do pecado e suas implicações espirituais. Por
outro lado, não devemos usar a letra contra o Espírito. Isto acontece quando,
por exemplo, usamos a letra como um limite para nossa ação a favor do próximo.
Nesse caso, a letra mata. Alguém poderia dizer: “Já entreguei meu dízimo,
portanto não preciso ajudar ao meu Irmão necessitado. Estaria assim,
apegando-se ao sentido literal do dízimo e negando-se a cumprir o Amor para com
o próximo. A letra abrange um sentido limitado. O Espírito vai além. Em Mateus
05, Jesus mostrou isso. “Ouviste o que foi dito aos antigos..” a letra. Eu porém vos digo.. o espírito. O Novo
Testamento veio mostrar o conteúdo Espiritual
que havia por trás da Lei e que era ignorado por grande parte do Povo de
Israel. Ao repreender os Fariseus, Jesus chamou a atenção daqueles Líderes para
a Justiça, a misericórdia e a Fé, que representavam o sentido espiritual
da Lei. Os Fariseus estavam apegados
apenas à letra.
16- A
OBEDIÊNCIA NA APLICAÇÃO DOS
PRINCÍPIOS BIBLICOS
Um
texto bíblico terá um significado, às vezes dois ou mais as profecias poderão
ter mais de um cumprimento, as promessas, da mesma forma. Além disso, podemos
extrair princípios espirituais, lições, dos textos bíblicos que poderão ser
aplicados em inúmeras situações. Tomemos, por exemplo, a bênção de Jacó sobre
seus Filhos. A primeira preocupação do leitor é saber o significado do texto.
As figuras ali utilizadas, poderão ser
melhor compreendidas se estudarmos no próprio Livro de Gênesis a
História dos Filhos de Jacó. O verso 05 diz: “Simeão e Levi são Irmãos; as suas
espadas são instrumentos de violência”.
Para saber o significado desse texto, é preciso ler o capítulo 34, onde
está o relato da chacina realizada pelos dois Irmãos. Em seguida, em Gn. 49, consta uma maldição
contra eles e sua descendência.
Portanto, aquela profecia se cumpriria na História das tribos de Simeão
e Levi. Resolvidas
09
as
questões de significado e cumprimento, podemos pensar nos princípios que
podemos extrair do texto. Aprendemos
sobre o risco da união para a prática do pecado, sobre a colheita daquilo que
plantamos, sobre o poder que os pais têm para abençoar ou amaldiçoar seus Filhos,
etc. Os princípios são conceitos ou “Leis” espirituais que podem ser aplicados
em qualquer tempo e lugar, apesar das mudanças culturais.
17-
OBJETIVO FINAL DA INTERPRETAÇÃO
Mesmo
que um texto não tenha vários sentidos, ele pode ser aplicado de várias formas,
desde que não venha a induzir ao erro ou a um sentido contraditório ou a um
ensinamento anti-bíblico. Aplicação é a utilização do texto na nossa
realidade. Portanto, tomando o texto sobre Simeão e Levi, podemos relacioná-lo
a diversas situações da nossa Vida, sem com isso alterar o significado do
texto. Extrairemos dali os princípios
espirituais que o texto contém e os aplicaremos à nossa realidade. Os
princípios nos mostram padrões da ação Humana, Divina ou até mesmo demoníaca.
Os Homens de hoje têm a mesma natureza que Pedro ou outro personagem bíblico.
Depois de entender a História de Pedro, podemos fazer analogias, comparações
com situações atuais em que alguém possa ser tentado a negar a Cristo. Assim, estaremos aplicando os princípios, as
lições do texto, à nossa realidade. A interpretação bíblica que tem sido
praticada no decorrer dos séculos pode ser dividida em dois tipos ou
aspectos. Refiro-me à objetividade e
subjetividade da interpretação de Abraão, da humildade e obediência de Isaque e
do caráter provedor de Deus. Estes são elementos presentes no texto. Uma análise subjetiva seria vermos em Abraão
a figura de Deus Pai, em Isaque um tipo de Cristo e naquela cena sacrifical um
protótipo da crucificação. Isto é
subjetivo porque não se trata de afirmação bíblica, mas apenas uma alegorização
por parte do intérprete. Tal entendimento pode estar correto, mas não pode ser
comprovado como algo que pudesse estar presente na intenção do autor
bíblico. Não podemos apresentar tal
alegoria como sendo o significado do
texto, mas podemos utilizá-la deixando claro para os nossos ouvintes que se
trata de uma analogia, uma comparação, entre duas realidades bíblicas distintas
e independentes.
18-
CONCLUSAO
Os
Cristãos devem estar comprometidos no conhecer e obedecer à Palavra de Deus. É
essencial, então, que saibamos como interpretar a Bíblia corretamente, e evitar
aqueles erros que poderiam nos conduzir a conclusões incorretas. O que se segue
são alguns princípios que te
10
ajudarão
a interpretar a Bíblia no que ela realmente diz e alguns exemplos do que tem
ocorrido quando esses princípios são violados. Reafirmo que, muitos destes
princípios são seriamente ignorados principalmente por nossos pregadores.
Espiritualizar ou alegorizar, é ir além do plano semântico da passagem em busca
de um significado mais profundo ou oculto. O perigo com esse método é que não
há como se checar uma interpretação extravagante. O único padrão torna-se a
mente do intérprete. Prende-se ao pretenso sentido do texto. Demonstrar sem
contexto é amarrar uma série não apropriada ou inadequada de versículos
bíblicos para provar nossa Teologia. “Pôr em outra forma é sedutor, mas errôneo para se compor um
fragmento Teológico de um completo estudo indutivo das Escrituras. É errado,
tendo feito isso, começar procurando textos bíblicos que parecem sustentar
nossas conclusões, todas sem a cuidadosa interpretação do texto para o que nós
apelamos” Por isso não devemos ser sábios aos nossos próprios Olhos,
estriparmos em nossos próprios entendimentos, a cultura o os acontecimentos do
tempo do texto relatado, nos ajuda muito, mais acima de tudo, o Espírito santo
é o nosso melhor intérprete, Ele é o nosso
ajudador
Nada
espero do muito que eu não tenho
Professor
Edmilson Carvalho
11
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